terça-feira, 30 de novembro de 2010

Jovens anos 70 !

Como era ser jovem nos anos 70


Excursão de jovens epitacianos em Presidente Prudente. "Patota" reunida na avenida Presidente Vargas, provavelmente em frente ao Haiti.


No início dos anos 1970 não existia internet, DVD, nem celular. Mas os jovens eram todos modernos e avançados para a época. A vida tinha um ritmo muito diferente de hoje e eles, apesar da ousadia e até das loucuras hippies, tinham uma rotina muito estranha aos dias de hoje. Nas cidades do interior esse ritmo era muito mais lento e os dias, as semanas, os meses e os anos demoravam muito para passar. Nas ruas, os carros e caminhões eram raros. As bicicletas circulavam aqui e ali sem causar transtornos no trânsito. O comércio não era agitado e nem dava sinais de desespero com infinitas liquidações. Não havia multidões. As lojas e os bancos eram monótonos e repletos de funcionários. Os correios eram muito freqüentados e as caixas postais estavam sempre cheias de envelopes contendo alguma novidade. As cartas demoravam muito para ir e voltar. Havia também um silêncio típico das localidades distantes dos grandes centros urbanos e a ausência da infinidade de barulhos que existem hoje. Em Epitácio os dias eram longos para quem trabalhava e interminável para quem não fazia nada. Mesmo depois de ir ao colégio e fazer suas obrigações diárias, como ir ao curso de datilografia ou corte-costura, o jovem tinha muito tempo de sobra para pensar no que iria fazer nas horas vagas. O período livre, geralmente à tarde, era talvez o mais duradouro. Logo após o almoço estabelecia-se um clima de “siesta”, um sol de rachar mamona e ninguém nas ruas. As varandas e as árvores acolhiam toda essa preguiça, sem culpa, em cadeiras de fio de nylon ou em velhas redes, até que alguém tivesse uma idéia do que fazer tarde a dentro. Os canais de TV não eram muitos e a programação também não tinha muitas opções. O rádio era muito chato, não havia FMs, e já era considerado coisa do passado. Era ainda uma época em que a leitura de livros, almanaques, enciclopédias e revistas era a melhor forma de obter informações. Os telefones não tocavam como hoje e muito menos com tanta freqüência. Para fazer um contato era necessário pedir uma ligação para a funcionária que ficava de plantão no posto telefônico. Ela dizia: “Telefonista”! E a gente pedia: “288, por favor” ou então “349”, numa época em que os aparelhos de plástico colorido já estavam se popularizando. Se ninguém ligasse ou não aparecesse para bater papo a solução era colocar uma bermuda Lee com a barra desfiada, uma camiseta básica, calçar um keds e procurar alguém ou a turma. Se juntassem duas ou três pessoas, logo os outros iam chegando e formavam-se as “patotas”, como essas das fotografias. Uns estavam na avenida Presidente Vargas, provavelmente em frente ao Haiti, bar e restaurante que marcou época no final dos anos 60 e início dos 70. Seria um sábado , um domingo ou uma daquelas quartas-feiras inconseqüentes, sem nada pra fazer? Outros estavam no Figueiral, num Baile da Filarmônica ou na Epitaciana, ou então em alguma divertida excursão para uma cidade próxima. São rostos conhecidos e facilmente reconhecidos. Bom seria se pudéssemos contar a trajetória de cada um deles: quem eram, os que estavam planejando ser, que sonhos tinham em mente, o que aconteceu com cada um deles e por onde andam.
Amigos na praia formada em frete ao antigo Parque Figueiral

Jovens epitacianos num baile na Sociedade Filarmônica 27 de março. Fotos Míriam P. Romero.




A década de 70 estourou alguns movimentos que já estavam em prática nos anos 60. Um deles foi o chamado rock progressivo, que tinha composições de até 15 minutos, muitas vezes se aproximando da música erudita. Os músicos eram virtuoses, e o som, viajante. A banda mais famosa dessa época foi a Pink Floyd, que, no começo, tinha como letrista e guitarrista o insano Syd Barret, que logo foi afastado por causa das drogas. O Pink Floyd ficou famoso com álbuns como The Dark Side of The Moon e The Wall. Numa onda mais progressiva e menos pop, estavam bandas como King Crimson, Gênesis, Emerson Lake and Palmer, Yes e Love.

Com um estilo completamente diferente, no qual tocar não era o mais importante e sim a atitude e a energia que se colocavam na música, estavam os Stoogues de Iggy Pop, que já traziam a semente do punk. Iggy Pop era o anti-herói do rock: franzino e mal-encarado. Xingava a platéia e cortava-se todo no palco, ficando coberto de sangue. As drogas estavam lá, claro. E pesadas. A banda formou-se em 67, em Michigan, e só gravou três álbuns.

Outra vertente do rock dos anos 70 foi o chamado heavy metal ou sua quase alma gêmea: o hard rock. Aqui, roupas de couro pretas, cheias de tachinhas, cabelos compridos e guitarristas metidos a semideuses. Muitas bandas exploravam o tema do satanismo, o que arregimentava uma legião de fãs adolescentes. Foi daí que surgiram o Black Sabbath, de Ozzy Osbourne, Judas Priest, Scorpions, Iron Maiden, Kiss, Alice Cooper, AC/DC e muitos outros. O Led Zeppelin também trafegava nessa praia, com um pouco mais de poesia, o que traria uma das boas parcerias do rock: Robert Plant e Jimmy Page.

De outro lado, surgia um rock glamuroso em que a androginia era parte do visual, que carregava na maquiagem e nas roupas espalhafatosas de plumas e lamês. Era o glam rock ou glitter (purpurina). Aqui, aparece o camaleão do rock: David Bowie, que, em 72, lançava o personagem Ziggy Stardust e virava uma lenda da música pop. Dessa leva glam, também vem o excêntrico Roxy Music, de Brian Ferry e Brian Eno; o T-Rex, de Marc Bolan, e os alucinados rapazes do New York Dolls, que se vestiam de mulher e tocavam como loucos. Fizeram a fama, com outros artistas (Patti Smith, Television, Richard Hell), do santuário do punk de Nova Iorque: O CBGB. Dali, também, saiu a turma dos Ramones, que pode ser considerada a primeira banda punk da história e fazia um som pesado e rápido, na base dos três acordes.

Na Inglaterra, em 75, Malcom Maclaren, que já tinha sido empresário dos Dolls e era dono de uma loja de roupas que mais parecia um sex shop, forma a banda que seria um dos maiores fenômenos da história do rock: os Sex Pistols. Estava criada a base do movimento punk. Logo, camisetas rasgadas, alfinetes de segurança, cabelos coloridos, arrepiados ou ao estilo índio moicano eram a moda dos rebeldes londrinos. Os shows dos Pistols eram uma loucura, assim como as performances do vocalista Jonnhy Rotten (Joãozinho Podre, por causa dos dentes estragados) e do baixista Sid Vicious, que morreu de overdose, em Nova Iorque, aos 21 anos, acusado de assassinar a namorada Nancy Spungen.

Com os Pistols, outras bandas punk aparecem. Dessas, a mais importante foi a The Clash, formada em 76.

Da Alemanha, vem um som mais conceitual, uma mistura de música erudita com efeitos eletrônicos, experimentações. Era o Kraftwerk, que pode ser considerado o precursor da eletrônica, juntamente com o Can e o Neu. Daí surge o Krautrock.


Um comentário:

  1. Não é um comentário mas uma pergunta :
    - O último rapaz da esquerda, em pé, camisa cor chumbo, é o ZÉ MIRANDA ?
    Herculano : herculanosilva@uol.com.br

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